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Guardando coisas



Domingo, 19.02.12

Cobardes e heróis

Cobardes e heróis Longe vão os tempos em que aqueles que protestavam contar o regime instituído eram apelidados por este de agitadores e considerados perigosos. A esses o antigo regime dava caça e sempre que obtinha êxito nessa sua perpétua tarefa logo tratava de os despachar para o fundo de uma masmorra fosse ela em Caxias, em Peniche ou no Tarrafal, não faltando registos de quem tenha mesmo pago com a vida o atrevimento de ousar contestar a forma de governar de quem detinha o poder para tal. Muitos desses perigosos “agitadores” sempre souberam distinguir que o seu verdadeiro inimigo era o sistema , não as pessoas ou os bens e por isso canalizavam todas as suas acções para mudar o mesmo não sendo deles prática a destruição pela destruição pelo que serão muito raros os relatos de montras partidas , invasões de instalações, incêndios ou barricadas e motins de rua. Mesmo as acções com algum carácter violento como a sabotagem de navios de guerra e transporte tiveram como objectivo chamar a atenção da opinião publica contra a guerra colonial e para a luta contra o regime fascista chefiado por Salazar e nos seus finais por Marcelo Caetano. Os “agitadores” portugueses de antes e do depois do 25 de Abril nunca recorreram ao vandalismo, sempre conscientes que a batalha politica não é ganha pela maior ou menos capacidade de destruir bens ou pessoas, mas pela capacidade de lutar por ideais, de passar a mensagem e de conseguir que cada vez mais portugueses estejam conscientes que é necessário alterar o rumo que os políticos que nos tem governado tem conduzido Portugal. À sua maneira esses “agitadores” tambem terão contribuído para que sejamos o país de brandos costumes. Antes como agora, aqui e além fronteiras sempre aparecem alguns que assim não entendem e tal como no verão quente de 75 se assaltavam e incendiavam os centros de trabalho do PCP tambem agora há grupos ás vezes instigados por práticas e organizações de fins e origens mais que duvidosos que tentam utilizar, e arrastar os demais, as armas do vandalismo que muitas vezes mais não servem que para justificar cargas policiais sobre aqueles que assim não entendem agitar. Quem assim procede não é certamente a maioria, não está mandatado para tal pelas organizações promotoras de quase todas as jornadas de luta que se tem realizado, e é por estas normalmente separado dos demais ficando sempre para lá do final das enormes concentrações e manifestações que os portugueses em numero crescente tem vindo a realizar contra as estas politicas.Tirando um ou outro episódio meramente pontual continuam estes agitadores a lutar politicamente sem que haja registos significativos de qualquer vandalismo. Não será de estranhar contudo que a imposição de condições de vida cada vez mais miseráveis a milhares e milhares de portugueses possa potenciar ações que pelo desespero possam levar cada vez mais portugueses a enveredar por atitudes a que não estávamos habituados. À azafama do terrorismo social do governo poderão recolher como reacção acções menos tolerantes e disso já se deram conta as forças de segurança e procuram prevenir-se para tal. Ao coro dos “perigosos agitadores sociais “ do costume, os partidos de esquerda, juntam-se outras vozes que até há pouco lhes eram estranhas fazendo troar o protesto, exigindo transparência, imputando responsabilidades ( sim que os políticos que aqui nos trouxeram tem nome e pertencem a partidos políticos) e pedindo alterações ao rumo actual. Os presidentes das Associações de oficiais( não somos submissos) e sargentos das forças armadas, o almirante Melo Antunes ex chefe do estado maior das forças Armadas, a Associação da GNR( fazem hoje o seu “passeio”), o capitão de Abril Vasco Lourenço são alguns dos que agora, pela coragem que tiveram aos proferir as declarações que proferiram, poderiam ser apelidados de “agitadores sócias”. Demorará muito que os que querem manter o actual status quo, que defendem que todos temos uma árdua tarefa de recuperar o país esquecendo a enormidade de diferenças de capacidade e de sacrificios exigidos , que contestam o actual estado do pais mas que não apontam o nome e as organizações responsáveis por tal nem tiram dai qualquer consequência nos seus actos de cidadania nomeadamente na hora de votar venham ,cambiem a designação para os que assim não procedem de “agitadores sociais “ para terroristas”? Todos temos fundados receios com o futuro do país mas uns lutam, e outros continuam a achar que “mais vale um cobarde vivo que um herói morto”. Esses mesmo que vivos não deixarão de ser cobardes.

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por guerrilheiro às 22:47


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