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Guardando coisas



Segunda-feira, 18.02.13

Encruzilhadas

Encruzilhadas

Não está nada fácil para o Barreiro . Há que regredir no tempo, pelo menos até que decidiram o desmantelamento da Quimigal,ou até talvez antes disso, quando os custos dos produtos petrolíferos tornaram complicado o funcionamento de instalações como o Kowa Seiko ou o contacto VII. Por terra ficou então todo um plano siderúrgico nacional com os seus efeitos nefastos a montante , nas minas do Alentejo, e a jusante com o desmembramento SN.

A perspetiva  da construção da TTT e o seu atravessamento pelo TGV, a construção de novas oficinas da EMEF permitiram sonhar com novas possibilidades de sair por cima de uma crise que se prolonga por demasiado tempo nesta cidade que não a merece. De pronto se apressaram os novos senhores dar um triste final a tais sonhos de recuperação.

 Não foi e não é por falta de esforço dos seus dirigentes locais que o Barreiro se encontra na encruzilhada constituída pela certeza de saber da importância que aqueles investimentos teriam para o concelho e para a vida dos barreirenses e para o desenvolvimento regional e nacional e a busca de soluções que resolvam os problemas da cidade e dos que aqui vivem mesmo que o adiamento daqueles projetos se prolongue no tempo sendo certo que esse prolongamento não será eterno porque o pais deles carece.

Basta percorrer o pais e ver quantas encruzilhadas existem, de problemas diferentes para resolver mas igualmente com soluções difíceis de encontrar face à mingua financeira imposta ás autarquias, às empresas nelas sediadas e aos portugueses constantemente diminuídos nos seus rendimentos e nos seus direitos e regalias.

Poucos se atreverão de boa fé a atribuir aos  actuais autarcas locais as culpas pelo desastroso nível de desemprego, pela insuportável carga fiscal, pela emigração em massa do sangue mais viçoso que o país possue, e pela continua descida no consumo, com a consequente dificuldade acrescida para as empresas, e no PIB nacional.

Dizem-nos os governantes nacionais que tão calamitosos dados estão razoavelmente em linha com as suas previsões , o que não sendo verdade pois estas nunca foram tão desastrosas, só vem confirmar as suas intenções de arrastar  o pais e os portugueses para um buraco cada vez com um fundo mais difícil de bater.

Que estamos quase a sair da crise,  dizem-nos a agora a cada passo, mas sabemos que tambem, estes governantes estão numa encruzilhada traçada entre as promessas que tem de fazer e a realidade com que nos deparamos diáriamente. É nessa realidade que esbarramos com empresas que encerram total ou parcialmente todos os dias e com a falta , ao menos, de anuncio de outras, sequer em numero semelhante, que vão potencialmente iniciar as suas actividades. Como podem os portugueses assim acreditar na saída com tanta tibieza anunciada?

Paradoxalmente é no barreiro que talvez nasça  uma empresa que poderá permitir a criação de um volume de mão de obra e de riqueza interessante, e é no Barreiro que se poderão iniciar as prospeções de petróleo em concessões recentemente atribuídas a uma empresa canadiana.

Pode ser que seja, uma vez mais, o Barreiro um dos primeiros a encontrar o caminho certo para  para sair da imensa tremenda encruzilhada em que nos colocaram as politicas seguidas nas ultimas três décadas. Mantemos essa esperança.

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por guerrilheiro às 14:35

Segunda-feira, 18.02.13

Continuaremos por cá?

Continuaremos por cá?

Pelo carnaval regressei ao Alentejo. Admirei-me fácilmente com  a fraca movimentação de pessoas que se verificava nas principais artérias da cidade naquela  noite de sábado . O habitual em anos anteriores era apreciar a passagem e as brincadeiras de vários grupos de mascarados que com bom gosto e alegria circulavam pelas ruas e acabavam num renhido concurso de mascaras e num animado bailarico promovidos pela comissão de festas num cruzamento engalanado a preceito.

Fiz o reparo à minha irmã que por ali habita e esta logo me elucidou de pronto :

-Hoje ainda vez estes poucos rapazes por aqui, está bem que agora os moços saem de casa mais tarde mas olha que ontem só vi mesmo duas pessoas. Não eram mais que duas pessoas nestas ruas .Isto está deserto .

Arrisquei utilizar a baixa temperatura como desculpa. Que não, que era da crise e da emigração disse-me  ela. Tem saído muita gente  para fora ,e agora  não vão sozinhos, quando partem vai todo o agregado familiar, vão todos, e tem ido muitas famílias assim .

Poucos dias antes refleti  com um colega do trabalho sobre as perspetivas de futuro que se nos poderiam apresentar. Uma das suas observações veio-me  repentinamente á memória , espantei-me como coincidiam com o que não via naquela noite alentejana .

- È o futuro que está em causa, não o nosso, mas o do cidadão europeu mesmo enquanto raça ,sentenciava o meu colega. Repara que todos os países todos da Europa tem a sua demografia a descer, nascem menos cidadãos do que os que morrem e mesmo em países como a França onde a população aumenta não é por nascerem mais bebes filhos de pais franceses mas sim graças aos emigrantes magrebinos.

A continuarmos assim, e não será rápido inverter esta situação, onde estarão os cidadãos europeus daqui a 50 anos? Talvez tenham desaparecido. É um  risco real e  sério que estamos a correr.

Talvez exagere nas suas preocupações , mas no caso lusitano  não correrá grande risco de errar se as margens forem mais dilatadas e se nos confinarmos ao espaço nacional.

Se continuarmos a colocar barreiras á qualidade de vida dos portugueses, sobretudo dos jovens, aumentando a precariedade no emprego, quando o arranjam, dificultando-lhes a aquisição de habitação, facilitando o seu despedimento, e reduzindo os rendimentos que  podem dispor para viver ,torna-se um verdadeiro acto de heroismo um casal arriscar ter  e criar um ou mais filhos.

A emigração surge agora quase sempre como único caminho possível para procurar viver com dignidade e finda a esperança vai toda a família em busca da vida que por cá lhes negam.

A probabilidade de nascerem mais portugueses fica assim cada vez mais diminuta, com uma tendência que só poderá aumentar se a situação não for invertida.

Connosco cruzou-se uma matrafona com a alegria saudável mas exagerada pelas muitas cervejas que certamente já teria bebido aquela hora e fez-me esquecer a apreensão com que pensava no futuro de Portugal. Foram momentos de boa disposição, breves , muito breves que o tempo não está para grandes diversões.

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por guerrilheiro às 14:32


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